domingo, 8 de abril de 2012

Marrequinho: O Disco de Acetato - Capítulo VIII

A dupla “Brazão e Braizito” durou apenas três meses. É que o Brazão tinha a mania de testar as duplas que ele formava, gravando um disco de acetato. A Rádio Difusora de Goiânia, possuía uma ‘’máquina’’, que possibilitava isso. Acetato é um disco de alumínio (eu acho), no qual o som é gravado diretamente no disco, através de sulcos feitos pela agulha magnetizada, do aparelho gravador. A abertura dos sulcos, produzia uma bucha de finíssimos fios, que nós chamávamos de bucha de aço. O Brazão gravava, escutava depois, e, se a cantiga do parceiro o agradasse, a dupla continuava a existir, se não o agradasse, estava desfeita. Eu fui demitido da nossa parceria, ao terminar a gravação do tal acetato. Foi o seguinte: Gravamos uma moda dele, muito ‘’esquisita’’que tinha um refrão que dizia assim: ‘’Quem canta de graça é galo e nós não somos galo não, nós não somos galo não’’. A coisa correu bem, até gravarmos o último verso, quando o Brazão fazia um pequeno arranjo, na viola (que ele tocava ruim demais), então terminava. Aí, quando ele começou a fazer o tal arranjo final, eu, entusiasmado sem quantia, demonstrando imaturidade, ou burrice mesmo, lasquei uma ‘’intera’’ na moda, e falei, na gravação: ‘’E nem galinha, né, Brazão!?’’ Foi o final de tudo. Da gravação no acetato e da dupla Brazão e Braizito. Ele pagou a gravação, mas, nem quis levar o disco. Eu o levei depois. Quem fez a gravação foi o Besinho, técnico da Rádio Difusora, que riu a beça, do acontecido. 
O Brazão, após testar mais alguns parceiros, formou o trio "Os Sertanejos da Cidade – Brazão, Brazãozinho e Rezendinho".
BRAZÃO, BRAZÃOZINHO E REZENDINHO
(Os Sertanejos da cidade) 


O Rezendinho, algum tempo depois foi substituído, e formou-se o trio "Brazão, Brazãozinho e Loló" que gravou um LP na gravadora Philips. O LP recebeu o título de Minha Cruz, composição do Caetano Somma. O Brazão não chegou a ouvir a gravação. Faleceu dias antes do lançamento do disco.


Leia os Capítulos anteriores do livro: “MARREQUINHO – O MENINO DE CAMPO FORMOSO” – Memórias de um artista sertanejo.

Contato com Marequinho:









* Oitavo capítulo do livro "Marrequinho - O Menino de Campo Formoso", de Francisco Ricardo de Souza. Imagem: Acervo Amadeu Emídio de Paula (Belguinha). Publicação autorizada pelo autor. Todos os direitos reservados.

Um comentário:

  1. Q-história maravilhosa! Vejam só... E ainda descubro Caetano Somma, que era artista plástico, dando sopa na música, como compositor: informação e tanto.

    Enauro de Castro

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