segunda-feira, 1 de maio de 2023

Batalhão Rural recupera em Rio Quente gado roubado em Orizona

A Polícia Militar (PM) prendeu três suspeitos de furto a 24 cabeças de gado bovino, no sábado (29), no município de Rio Quente, na Região Sudeste de Goiás. O crime foi registrado na madrugada da última sexta-feira (28), em Orizona. O rebanho de gado sinepol é avaliado em R$ 136 mil.
Os policiais conseguiram identificar que o caminhão boiadeiro usado na ação estava em Água Limpa. Na tarde de sábado (29/4), as equipes encontraram todo o gado subtraído em uma propriedade rural em Rio Quente.
O rebanho havia sido adquirido com notas de procedência falsa. Todos os animais foram recuperados e devolvidos ao legítimo proprietário e três suspeitos envolvidos no crime foram conduzidos para a delegacia.

Informações e foto: Polícia Militar Goiás.

domingo, 30 de abril de 2023

O dia que Gercino Monteiro escreveu sobre o jornal 'A Roça', de Egerinêo Teixeira

Segundo Victor de Carvalho Ramos[1], quando Egerinêo Teixeira fundou em Campo Formoso (Orizona) nos fins de 1923, o semanário ‘A Roça’, o primeiro da localidade, Gercino Monteiro[2] o saudou em carta publicada no número 02 daquele jornal[3]. Vejamos o teor dessa mensagem:

Egerineu: Recebi teu jornal, o jornal que fundaste para tornar conhecidas as riquezas do município de Campo Formoso, é dizer, as riquezas do nosso grande e desafortunado torrão natal.
Li-o. Mas, li-o com a atenção que merecem todas as obras que saem dos espíritos ainda indenes dos vícios, dos erros e das hipocrisias sociais.
Conheço-te de perto e digo-te que o teu jornal, conforme o afirmou esse outro moço de valor, que é Victor de Carvalho Ramos, há de ser uma válvula por onde se escapem os anseios e os anelos do nosso povo, que clama pela vinda do Progresso, para que a nossa terra culmine entre os Estados quem compõem este país, que vive com a sua moeda desvalorizada, com o cambio a 4,5 e a 5 ½.
Idealismo?
Não.
Eu, como homem prático, desejo que o teu jornal elogie a nossa terra, as suas possibilidades, as suas riquezas. Desejo que ele seja o clarim em cujos sons os de longe ouçam que nesta pátria existe um Estado para o qual a natureza foi pródiga, dando-lhe, dadivosa, riquezas que dormitam há séculos no seu solo e subsolo.
Procura orientar o teu jornal pela trilha que lhe delineaste, “forte como a peroba e livre como o vento”. Este período vale por um programa, nesta época em que a peroba forte é madeira rara e o vento bate contra a muralha das competições, do comodismo e, mais ainda, das ambições...
Não sou psicólogo, nem tenho qualidade para isso. Procuram tê-la os pretenciosos, que alardeando sapiência, possuem um espírito afeito aos limites gizados pela arte de adular.
Os que escrevemos com jornal com independência – tu, alguns outros e eu – temos um ideal: o de sermos úteis à terra comum.
Não creio, porém, que os homens públicos tenham confiança nos que lhes turiferam todos os atos, incondicionalmente...
Eles sabem e que o incenso e a mirra que queimam, hoje em seu benefício, amanhã, quando estiverem carpindo o ostracismo, não se esgotarão em seu favor.
Isso é da história...
Nós cumpriremos o nosso dever. E os outros agindo como agem, cumprirão o seu?

Fonte: CARVALHO RAMOS. Victor de. Letras Goianas – Esbôço Histórico. Goiânia: J. Câmara & Irmãos S/A, 1968. 191p.

Notas:
1. Victor de Carvalho Ramos foi um escritor e jornalista goiano, filho do juiz de direito e escritor baiano Manoel Lopes de Carvalho Ramos (1864-1911), autor do poema épico “Goyania” (1896), escrito em Caiapônia-GO, e de Mariana Fenelon Ramos. Foi irmão do notável escritor Hugo de Carvalho Ramos (1895-1921), autor de “Tropas e Boiadas” (1917), um dos maiores da nossa literatura.

2. Gercino Monteiro Guimarães nasceu em Palmeiras de Goiás em 19 de maio de 1894 e faleceu na Santa Casa de Misericórdia de Goiânia no dia 20 de janeiro de 1948. Foi um escritor brasileiro e um dos membros-fundadores da Academia Goiana de Letras. Era cunhado do professor e historiador Zoroastro Artiaga e sobrinho do jornalista Honestino Guimarães. Era filho de Benedito Monteiro Guimarães e de Joaquina Monteiro Guimarães.

3. Todos os livros citados neste texto e nessas notas tem grande valor histórico e literário e estão disponíveis na Biblioteca Municipal Maurity Silva, no antigo fórum, no centro da cidade de Orizona.