quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Florentino Nunes de Paula, pioneiro do Transporte de Cargas no Município de Orizona

Florentino Nunes de Paula, que tem o seu nome lembrado com frequência em Orizona, por ter deixado ampla descendência e por ter dado grande contribuição ao desenvolvimento do município, foi homenageado por ocasião do centenário de seu nascimento, quando teve seu busto colocado no trevo de acesso à cidade.
A inauguração da rodovia Pio José da Silva, trecho da GO-330, aconteceu em 28 de setembro de 1985, com a presença de milhares de pessoas e também do prefeito municipal de Orizona, Joaquim Pereira de Freitas, do governador Iris Rezende Machado, do arcebispo de Goiânia Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, dos deputados Joaquim Roriz e João Natal de Almeida e do senador e secretário de governo Lázaro Barbosa. No trevo nomeado Florentino Nunes de Paula, foi inaugurado o trecho da rodovia e dos bustos de Florentino Nunes e Pio José da Silva.
Florentino, assim como Pio José da Silva, deu grande contribuição ao transporte rodoviário e à economia da região que hoje conhecemos como Estrada de Ferro. Pio participou do processo de emancipação do município de Campo Formoso, foi um visionário e trouxe o primeiro veículo para a cidade, além de ter criado a Auto Viação Sul de Goiás, uma das primeiras empresas de transporte coletivo do Estado, e construído com o esforço próprio e de seus sócios, a estrada entre Roncador e Anápolis, que teve a primeira linha inaugurada em 28 de fevereiro de 1920 (no centenário desta grande obra, publicaremos aqui, um texto sobre os grandes feitos deste pioneiro)[1]. Florentino criou o transporte de cargas em Campo Formoso e fortaleceu sobremaneira a economia rural do município e o comércio nos municípios da região.
Florentino Nunes de Paula nasceu em 13 de agosto de 1885, na fazenda Marinheiro, município de Campo Formoso, hoje Orizona. Morreu em 24 de novembro de 1959. Era filho de Isidoro Nunes de Paula, natural de Patrocínio-MG, e de Rita Vieira de Jesus, natural desta freguesia.
Seu pai Isidoro nasceu em 04 de abril de 1863, na Fazenda Serra Negra (Patrocínio) e faleceu em 23 de novembro de 1937. Era filho de Manoel Nunes de Paula e Maria Angélica de Jesus. Veio de Minas Gerais para se casar com uma filha do fazendeiro Florentino Vieira da Motta e de Maria Joanna de Jesus (Inhazinha). Casou com Rita Vieira de Jesus (nascida em 1869) e foram morar na região do Marinheiro, junto ao sogro.
Florentino foi o primogênito do casal e somente três anos depois, nasceu Joaquim Nunes de Paula, o segundo filho de Isidoro e Rita. Foi batizado naquela mesma região, recebendo o nome do avô materno e possivelmente de um tio, que se tornou seu sogro. Na região do Marinheiro, aprendeu as primeiras letras e as operações fundamentais, percentagens e juros, sendo aluno do mestre Biquet. Cresceu na lida do gado e da lavoura. Além de Joaquim, teve como irmãos, Alvina, Itelvina, Francelino (que dá nome à escola municipal), Maria Angélica e Maria Nunes.
Na mesma época que Isidoro veio de Patrocínio para o então sertão de Santa Cruz, com o propósito de casar com uma filha de Florentino e Inhazinha, também chegou o amigo Florentino Vaz da Costa, que se casou com Rozenda Vieira de Jesus, outra filha do pioneiro. Do consórcio Florentino/ Rozenda, nasceu Anna Vaz da Costa (Sinhazinha).
Anna Vaz da Costa se casou com o primo Florentino Nunes de Paula em 15 de setembro de 1913. Tiveram nove filhos: Realino, Etelvino, Orcalino, Dorvalino, Valdivino, Castorina, Iracema, Anardino e Maria. Após as núpcias, foram morar no Córrego do Meio, um pouco acima da sede da fazenda Marinheiro, onde instalou loja de secos e molhados. Passados alguns anos, mudou-se para a fazenda Buritis, depois Poções e Sussuapara, onde se instalou definitivamente.
Conforme a filha Castorina Nunes Vieira, “devido à precariedade das escolas e sonhando com futuro mais promissor para os filhos, mandou-os estudar em internatos de Padres e Freiras encaminhando a cursos superiores”. A filha disse também que o pai tinha “ampla visão de futuro [2].
Em 1926, adquiriu um caminhão International, veículo até então inexistente no município de Campo Formoso. Como não haviam estradas adequadas, as primeiras vias foram abertas pelos empregados, com machados, foices e picaretas. Florentino, então, aumentou seu comércio, transportando com mais facilidade e rapidez, porcos (na época era conhecido como o maior comprador de capados do município), bovinos e cereais das fazendas para as cidades mais desenvolvidas, retornando com mercadorias que seriam vendidas aos fazendeiros do município.
Conforme Castorina, “o trabalho de Florentino foi assim tão profícuo porque contava com sua esposa, enérgica, laboriosa e inteligente que cobria em sua ausência a tarefa de educar os filhos e administrar a fazenda e o armazém”.
Florentino nunca mais ficou sem caminhão, tendo sido seus motoristas: Hozana da Silva, Ubaldino de Oliveira, João Mesquita, Juscelino Mesquita (Nonhô), Vicente da Bárbara, Braulino Vieira Rosa, Francisco Pimpão, Pedro e Joaquim Pimpão, Benedito Brito (Lilica), Antonio Coreiro, Etelvino Nunes, Filogonho Borges, Antonio Lobo, Aristóteles Teixeira, Abel Pereira, Veluziano Martins, João Rebolo, Rigosino de Carvalho e outros [3].
Por ocasião da inauguração do seu busto em 1985, em que estavam presentes filhos e netos, a família e o professor Olímpio Pereira Neto prepararam um discurso em homenagem ao mesmo. Contudo, o mesmo foi vetado pelo cerimonial do Palácio das Esmeraldas.
Nesse discurso, publicado posteriormente no jornal O Pioneiro, era afirmado que “homens como o Sr. Florentino Nunes de Paula são marcos fincados à beira da estrada da vida e que desafiam as intempéries do tempo e os preconceitos diversos”. O texto concluía afirmando que “nós, orizonenses, orgulhamos por esse exemplo de virtude que serve de modelo e estímulo para os jovens[4].

ANSELMO PEREIRA DE LIMA
(E-mail: anselmopereiradelima@gmail.com) 

FONTES DOCUMENTAIS:
1. A Informação Goyana. Vol 4. Nº 11, pág. 82-83 - jun/1921.
2. O Pioneiro. Nº 1, pág. 3. Orizona-GO: setembro/1985.
3. O Pioneiro. Nº 2, pág. 2. Orizona-GO: dezembro/1985.
4. Para mais informações sobre a história da família Nunes, ver NUNES, Fabrício Carvalho. Fazenda Marinheiro - Orizona: uma viagem genealógica entre a Europa e os sertões do Brasil. Goiânia: Kelps, 2020. 646 p., ainda sem lançamento.

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