sábado, 29 de fevereiro de 2020

Opinião: chegou a hora de termos Gestores Municipais que não Administrem de forma Improvisada

OPINIÃO - Buscando na memória, lembro de minha infância, quando morava na região da Firmeza e vinha na cidade muito pouco. Eram os anos de 1980 e 1990. As ruas e avenidas da cidade haviam sido recentemente pavimentadas e por conta do trânsito de pouco veículos e estes, a maioria leves, os danos ao asfalto era muito pequeno.
Lembro de minha emoção de criança, ao ver a carreta que vinha buscar o leite na Itambé. Era uma das poucas que transitavam em nossa cidade, algumas vezes na semana. Me sentia realizado quando a via. Caminhões e máquinas agrícolas, somente alguns Mercedes e alguns tratores de associações rurais e de produtores mais abastados. Caminhões de carvão eram comuns em nossas estradas, mas nada que impressionasse.
O transporte de leite nas estradas rurais era predominantemente feito por caminhonetes a gás e  o leite, armazenado em latões. A produção de soja era ainda pequena. Além do leite e da mandioca (em algumas regiões município), a produção agrícola ainda era predominantemente de subsistência e autossubsistência. O comércio na cidade não era forte e agroindústrias, apenas algumas, ainda de pequeno porte.
Contudo, os tempos mudaram: as monoculturas de soja e milho estão presentes em grande parte do município. Os produtores rurais hoje possuem caminhões e máquinas de grande porte. Caminhões para o transporte de leite transitam dia e noite. O transporte de aves também é corriqueiro. Carretas são vistas o tempo todo em ruas e estradas. Armazéns de grãos estão por toda parte. Novas agroindústrias foram instaladas na região. A frota de veículos leves e médios aumentou uns 1000% em trinta anos.
Contudo, a forma que a administração pública faz a manutenção de ruas e estradas continua a mesma de meio século atrás. Não mudou com a alteração da dinâmica do trânsito. E não digo propriamente nesta gestão. Todas as últimas que tivemos agiram assim. Também não apontaria o dedo como se esses gestores se portassem de má fé. O fato é que estão presos a uma realidade opressora para municípios como Orizona. Temos uma significativa extensão territorial, a cidade cresceu muito nas últimas décadas e os recursos são pequenos.
Além disso, irresponsabilidades do passado, que permitia que loteamentos fossem criados sem oferecer o mínimo de infraestrutura, como de ruas, rede de esgoto, de água e elétrica, afeta seriamente ainda hoje o planejamento e as ações da prefeitura. Se em 1988, o então prefeito Joaquim Pereira se gabava de ter 100% das ruas e avenidas de nossa cidade pavimentadas; hoje a cidade cresceu e quase 40% estão sem asfalto (lembremos que povoados e distritos são núcleos urbanos). Outro sério problema é a falta de redes de esgoto e galerias pluviais. Ruas foram construídas e asfaltadas sem a preocupação de garantir o adequado esgotamento hídrico. Agora, o problema está aí e precisa ser resolvido urgentemente.
Não tem 30 dias que a prefeitura, com o apoio dos internos da unidade prisional fizeram o recapeamento (tapa buracos) das avenidas Egerinêo Teixeira e 7 de setembro, do trevo da cidade e das saídas do Taquaral e Buritizinho. Tem cerca de uma semana que foi feito a operação tapa-buracos da avenida Rafael Leme Franco, na Cinelândia. Contudo, por conta da intensidade das chuvas, quase tudo o que foi feito foi perdido. Assim como não está fácil transitar pelas estradas rurais de nosso município.
Também não tem um mês que foram feitos reparos em algumas estradas rurais. Porém, três dias de chuvas intensas são o suficiente para que a maioria dos produtores rurais não consiga chegar à cidade para realizar seus negócios, seja por pontes que não resistiram ou por lamaçais. E isso afeta a muita gente, inclusive ao comércio. As duas principais avenidas de Orizona foram pavimentadas há mais de trinta anos. Portanto, foi extrapolado em muito seus "prazos de validade".
Refazer ruas e avenidas da cidade, construir redes pluviais e de esgoto são algumas das iniciativas caras e urgentes. Outra que sugiro é a construção e um anel viário para desafogar em parte o tráfego de caminhões e máquinas agrícolas no interior da cidade. Se alguém me perguntar: - Está bem, mas onde buscaremos os altos recursos para isso? Direi: - Não sei, mas contem comigo para tudo o que for necessário nesse esforço.
Não dá para permitir que alguém nesses tempos ainda jogue contra os interesses da municipalidade, fazendo gol contra a própria meta. Não dá, por exemplo, para permitir que a Administração tente fazer algo e as oposições partidárias do prefeito impeçam, apenas por interesses individuais, à melhoria das condições de nossa cidade, como foi em 2011 quando o prefeito Felipe Dias tentou realizar um leilão de bens para levantar recursos para construção do Ambulatório 24 horas; ou em 2020, quando Joaquim Marçal tentou realizar o mesmo leilão para angariar dinheiro para melhorar as condições de nossas ruas e avenidas e oposicionistas foram à justiça para impedir (lembro que em 2011 até soltaram fogos para comemorar). 
É preciso fazer alguma coisa a respeito desse imbróglio e isso exige esforço de todos os seguimentos organizados e dos partidos políticos diversos. Além disso, estando em ano eleitoral, precisamos tratar com mais seriedade as nossas decisões. Não podemos colocar no paço municipal e no legislativo pessoas que não estão preparadas ou aventureiros. Temos que estar certos que não precisamos mais de cidadãos que sonham em ser prefeitos ou vereadores. Queremos de fato, gente que tenha disposição para tirar a cidade da mesmice.
O serviço público, além de honestidade e capacidade de diálogo, exige profissionalismo, planejamento e de gente que leve mais à sério alguns instrumentos legais, como por exemplo, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a Lei Orçamentária Anual, o Plano Diretor, o Plano de Saneamento Básico, o Código Tributário e o Código de Posturas.
Vamos juntos conosco nesse propósito?
NOTA - sobre a crítica que fizemos ao cancelamento do leilão de bens que a Prefeitura pretendia realizar, o presidente da Câmara Municipal de Orizona, Altaídes de Sousa Filho, o Taíde, fez alguns esclarecimentos, que pelo teor, acho necessário aqui citar: "O que é preciso inicialmente, no caso da venda de imóveis do município, é projeto definido e a modalidade dessa alienação. O gestor não pode ter somente o desejo de fazer melhorias, ao lançar venda do patrimônio. Previamente é necessário vincular. Vendeu aqui constrói ali, com clareza e não simplesmente vender. Outra coisa, segundo o MP, a modalidade não pode ser por Leilão Público. Passivo de anulação. O município possui muitos imóveis que podem sim, ao meu ver, ser direcionado para reconstrução e melhorias na zona urbana e rural. Antes, porém, achar o caminho certo para evitar embaraços jurídicos".

(O texto sofreu modificações em 01/03/2020, às 17:20h).

ANSELMO PEREIRA DE LIMA
anselmopereiradelima@gmail.com

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