quinta-feira, 23 de maio de 2019

A militância e o pioneirismo na defesa do Agropecuarista pelo jornal "O Pioneiro" de Orizona

OPINIÃO - O jornal "O Pioneiro" foi lançado no dia 29 de setembro de 1959. Foi o segundo periódico a circular na cidade de Orizona, o primeiro após o lendário "A Roça" de Egerinêo Teixeira, que foi veiculado de 1923 a 1935. Na sua fundação, "O Pioneiro" foi dirigido por Olímpio Pereira Neto, Silvio Mesquita e Joaquim Pereira de Freitas (ex-prefeito), além da participação de José Delcides Pereira. Era impresso inicialmente nas oficinas gráficas da Fundação Pio XII, de Goiânia. Olímpio o manteve em circulação por cerca de 40 anos, em edições não contínuas.
De forma pretensiosa, Olímpio diz em setembro de 1959, "O Pioneiro demarca mais um passo dado no progresso de Goiás com a interiorização da capital do país. Figurarão, nas páginas deste órgão, feitos de orizonenses ilustres pouco conhecidos de nossos conterrâneos, homens estes que, beneficiaram com seus atos a Pátria, o Estado e o Município".
Ainda segundo Olímpio, ao afirmar o pioneiros e o idealismo, o órgão teria o propósito de "noticiar os acontecimentos e elevar o conceito do sitiante, do produtor e criador, que nesta região tem o nome de fazendeiro. E sendo uma classe que sustenta o Brasil através da produção, podemos contar nos dedos os órgãos que levantam sua voz em benefício daquele que mais sofre e não tem proteção". O diretor ainda fez uma defesa da liberdade de imprensa e demonstrou o interesse de evitar o embate político nas páginas do jornal.
Inicialmente, o jornal era editado em Goiânia e por isso, os diretores contavam com a colaboração dos leitores de Orizona para enviar as notícias da região para alimentar o jornal. Voltado principalmente para assuntos de interesse do meio rural, da cultura, religiosidade e política local, o jornal se apresentava em sua primeira edição da seguinte forma[1]:
"Aqui estou eu diante de vós pela vez primeira. O meu nome indica que sou precursor na espécie, em nossa progressista cidade. Pretendo, porém, ter vida longa e isso dependerá de vossa preciosa colaboração.
Orgulho-me de dizer que viverei do conteúdo moral, intelectual e material que me fornecerdes.
Aceito e agradeço penhoradamente a ajuda de todos. Recebo as críticas construtivas com satisfação, pois são incentivo para meu aperfeiçoamento. Desprezo, todavia, as destrutivas daqueles que, incapazes de produzir, limitam-se a criticar.
Procuro ampliar minha visão e, para isso, é necessário um trabalho de equipe. Leitores, não temais, enviai já vossa colaboração, para que seja facilitada a minha tarefa de dar assistência a todo o município.
Sou livre e independente de correntes político-partidárias e filosóficas. O meu ideal é analisar os feitos e assinalar o mérito de quem o possui.
A linha de minha conduta é moral, fora da qual não teria coragem de apresentar-me a vós, pois me julgaria indigno de vossa atenção e desmerecedor de vossa consideração.
Espero não vos decepcionar.
Pretendo voltar tão breve quanto vossa ajuda possibilitar, com matéria mais variada e abundante, pois o conhecimento, que tendes de mim, capacitar-me-á a vencer os obstáculos da distância e da comunicação, impeditivos na variedade de ideias  deste número inicial.
Até outra oportunidade.
O Pioneiro."

ANSELMO PEREIRA DE LIMA
(E-mail: anselmopereiradelima@gmail.com) 

Fontes documentais:
1. Ver: O Pioneiro. Ano I. Nº 01. Orizona, setembro de 1959.

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