quarta-feira, 12 de junho de 2013

Marrequinho:Um Novo Amor, Pra Curar Velha Saudade (texto por Selma Oliveira da Silva - Capítulo XXXVII

OPINIÃO - Início da década de 90. Um turbilhão de incertezas invadia minha mente cansada, mas, não esmoreci. Mantive a crença de que Deus tinha um propósito pra mim, e, que Ele redirecionaria minha vida e me daria o entendimento necessário para captar Suas determinações. Acredito, piamente, que Ele determinou o que se segue: Certo dia, na casa de pessoas amigas, eu estava ouvindo músicas, contidas em Lps antigos.
Então, na interpretação inconfundível, da dupla, Zilo e Zalo (De quem sempre fui um grande admirador) ouvi a composição do meu Amigo GOIÁ, intitulada: “Magoado Coração”, que retratava fielmente o meu estado de espírito, naquele momento. Num trecho da letra, o poeta diz assim: "... Meu magoado coração/ A paixão é ilusão/ Simples mal da vaidade/ Pra livrar-te dessa dor/ Só te falta um novo amor/ Pra curar velha saudade".
Eu sabia que quem prescreveu aquela fórmula ao seu próprio coração, tinha conhecimento de causa. Era especialista, em matéria de conviver com desastrosos resultados provocados por amores desencontrados. Resolvi acreditar na sua longa experiência no assunto e seguir seu conselho.
E nem foi preciso que eu procurasse um novo amor. Ele cruzou, ou melhor, estacionou em meu caminho, em forma de uma mulher, triste, sozinha, sofrida, sem perspectivas de vida e destituída de qualquer vaidade. Seu nome: Selma.
Enfrentava grandes dificuldades, pra resolver algumas pendências de certa gravidade, no âmbito pessoal e não tinha sequer pra onde ir. Todas as portas havia se fechado para ela. Ignorada pela sua própria família e sem amigos com quem pudesse contar. Essa situação ocasionava desequilíbrio emocional e consequentemente lhe tirava o ânimo necessário para continuar vivendo. Então, eu lhe estendi a mão e sugeri:
"Vamos procurar juntos, um caminho. A esperança será a nossa bússola de orientação".
E lhe disse ainda: "Se conseguirmos ficar juntos, por um mês que seja, teremos feito companhia, um ao outro, nesse espaço de tempo. Se não der certo, simplesmente voltaremos ao ponto de partida e nada teremos perdido, pois, não temos nada mais para perder". Ela, talvez por não ter outra opção, encarou a proposta.
E, aquela mulher foi para mim, durante quinze anos, uma esposa exemplar, uma companheira fiel e uma amiga dedicada. Foi o meu ponto de apoio para superar as decepções sofridas com o primeiro casamento. Juntos sofremos privações, de bens materiais, dividimos preocupações com o nosso amanhã, mas encaramos as dificuldades que a vida nos impôs, com fé, com coragem e com muita confiança. Mas, como não poderia deixar de ser, havia um pequeno detalhe, inconveniente, que se interpunha entre nós. Ela era mais nova que eu, exatamente 30 anos. Nasceu no dia 13 de março de 1970. Nada não.
Tocamos a vida pra frente, e, passo a passo, fomos reestruturando nossa situação material e psicológica. Não tínhamos recursos financeiros, mesmo assim construímos uma casa modesta, contando apenas com a ajuda de Deus e de alguns amigos dedicados (Odaés Rosa, Luiz Vinhal, Zé Machado, meus irmãos Jair e Zé Ricardo, e outros), solidários à nossa causa. Pelo menos já tínhamos onde morar.
No dia 11 de janeiro de 1.992 nasceu nosso primeiro filho, Onofre, uma dádiva de Deus, que veio enriquecer nosso humilde lar e encher de alegria os nossos sofridos corações.
Com o nascimento daquela criança e a responsabilidade que o fato acarretou criamos mais ânimo ainda. A realidade, porem, nos conclamava a encontrar uma solução para o quesito financeiro, para a manutenção da família, agora aumentada. Felizmente recebi uma proposta de um meu irmão, o Jair (que Deus o tenha), que mantinha sua tradicional "Reformadora Corneta", para ir trabalhar com ele. Eu tinha alguma noção da profissão de marceneiro, herança do tempo em que fui lustrador de móveis. Na verdade ele não precisava de mais um empregado, simplesmente usou esse artifício para socorrer o irmão que estava enfrentando dificuldades. Porém, sua oficina era pequena e não suportaria a carga de gasto extra, com funcionários. Ele, generosamente dividia comigo o pequeno lucro de todo mês. Vendo que eu estava sendo mais um estorvo do que um auxílio resolvi mudar o rumo das coisas, e, arranjar um novo jeito para viver. Fiz o jogo do tudo ou nada. Vendi a casa onde morávamos que tinha péssima localização num bairro muito pobre e afastado de tudo, em um vizinho município de Goiânia.
O mano (Jair), que tinha um coração do tamanho do mundo, possuía uns barracões de aluguel, num imenso lote localizado na vila São José, em Goiânia, e um deles foi alugado para mim. Mas, só dei conta de pagar o aluguel por uns dois ou três meses. Depois continuamos morando lá, por mais um ano, na base do favor. O Jair não está mais conosco, mas, seus atos de bondade, de fraternidade e de generosidade, mudaram o curso da vida de muita gente, para sempre. Deus lhe pague irmão, onde você estiver.
Comprei uma Kombi, velha, muito velha mesmo, e tentei manter umas rotas de venda, de biscoitos caseiros, que me eram fornecidos por uma panificadora, lá, da vila onde morávamos. Porem, o lucro das vendas mal dava para a gasolina, que a velha perua bebia que só uma danada. Exerci por muito pouco tempo, a profissão de vendedor dos tais biscoitos. Tive sorte em conseguir um comprador para o desgastado veículo. Então, perguntei a Deus: E agora, Senhor, o que farei?


Contato com Marrequinho:



* Trigésimo Sétimo capítulo do livro "Marrequinho - O Menino de Campo Formoso", de Francisco Ricardo de Souza. Imagens: Acervo Pessoal. Publicação autorizada pelo autor. Todos os direitos reservados.

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