segunda-feira, 1 de março de 2021

Professora universitária e escritora natural de Orizona morreu vítima do novo Coronavírus

PORTAL G1-GO/REBRA
- A professora Wania de Sousa Majadas, de 80 anos, morreu enquanto lutava contra a Covid-19, em Goiânia, na última quinta-feira, 25 de fevereiro. Doutora em literatura, escritora e crítica literária, ela já foi premiada com o troféu Goyazes Nelly Alves de Almeida, pela Academia Goiana de Letras.
Segundo familiares, Wania Majadas começou com sintomas leves há três semanas. No dia 9 de fevereiro, ela precisou ser internada em um hospital particular na capital. Os primeiros quatro dias ela passou em um quarto, mas depois precisou ser entubada e levada para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde o quadro se agravou até que ela não resistiu.
Nos últimos exames feitos, ela não apresentava mais o coronavírus no organismo. Por isso, os parentes mais próximos conseguiram se despedir dela em um velório rápido, de cerca de uma hora. Em seguida, o corpo dela foi sepultado no Jardim das Palmeiras, em Goiânia.
Wania ficou conhecida na capital como professora em escolas de ensino médio e faculdades em Goiás. Ela ministrou aulas de literatura brasileira, estilística, relações intertextuais, entre outras. A professora tem textos publicados em três livros e dezenas de trabalhos em revistas e jornais. Wania deixa três filhos e quatro netos.
Biografia:
Wania é goiana de Orizona, da família Sousa, mas ainda bem menina foi com a família para a jovem capital Goiânia, onde residia, perdendo o vínculo com a terra natal. Fez os estudos preparatórios para se ingressar em curso de graduação universitária.
Sempre interessada pelo mundo das palavras e pela literatura particularmente, seguiu o Curso de Formação e logo em seguida ingressou no Curso de Letras Vernáculas, Universidade Federal de Goiás. Terminado o curso de graduação, transferiu-se com a família, agora com três filhos, para a cidade de Ituiutaba, Minas Gerais, onde reside a maioria dos descendentes de Jose Majadas, espanhol que veio para o Brasil e se casou com uma ituiutabana; lá, Wania Majadas iniciará sua grande experiência mineira, que terá grande influência em sua vida profissional. Conclui dois cursos importantes de pós-graduação em Belo Horizonte, área de Literatura Brasileira e Linguística.
Depois de cinco anos, os Majadas de Goiânia voltam para sua cidade, mas a professora não deixa sua atividade no ensino superior da FEI (Fundação Educacional de Ituiutaba), viajando durante dez anos toda semana, e depois, de quinze em quinze dias, mais alguns anos. Como professora, sempre procurou, desde o primeiro momento, ministrar seus cursos com o máximo de dinamismo, procurando caminhos criativos e fugindo da simples historiografia literária. Sempre recusou o fácil, o comum.
Ao mesmo tempo que trabalhava com alunos universitários, convivia, também, com o ensino médio. Wania Majadas sempre acreditou que o professor universitário, para ampliar seu universo, não pode estar ausente da escola secundária, para não perder o referencial do aluno que receberá no terceiro grau. Ela acredita que aí esteja a chave para abrir certas portas emperradas que vedam a este aluno o trânsito para um desempenho favorável em sua vivência universitária. Está convicta de que o professor que se envolve apenas com os invólucros teóricos, senhor de sabedorias e verdades, dificilmente conseguirá atingir plenitude perante os discentes.
Uma das grandes experiências mineiras de Wania Majadas foi conhecer o escritor Luiz Vilela, natural de Ituiutaba. Quando leu o primeiro livro dele, Tremor de Terra (contos – 1967), disse aos seus alunos: “Ituiutaba tem um excelente escritor”.
A partir daí, a professora vai conquistando o seu caminho como futura crítica literária e ensaísta, desenvolvendo estudos importantes em sala de aula, com alunos secundaristas e universitários. Entre outros, Luiz Vilela estava sempre presente em tais estudos. Desse contexto, veio o desejo de voltar sua dissertação de mestrado, pela Universidade Federal de Goiás, para a obra de Luiz Vilela. “O Diálogo da Compaixão na obra de Luiz Vilela”, cuja defesa aconteceu em 1992. Em 2000, publica o livro, O Diálogo da Compaixão, mantendo as linhas do texto dissertativo original, mas, reformulado e com vários acréscimos necessários e importantes para o aproveitamento do leitor, além de ter como prefaciador, Fábio Lucas, um dos nomes mais expressivos da crítica nacional. Há alguns anos, O Diálogo...... está esgotado, mas tudo indica que ainda nesse ano ele terá uma reedição, através da Coleção Goiânia em Prosa e Verso, Projeto da Secretaria Municipal de Cultura.
Em 2004, defende Tese de Doutorado, pela UNESP, de São José do Rio Preto. Dessa vez, a pesquisa recai sobre linguagem e silêncio, com o título, “Silêncio em Prosa e Verso: minério na fratura das palavras”.
Em 2006, Wania Majadas recebe o Troféu Goyazes – Ensaio: Nelly Alves de Almeida, pela Academia Goiana de Letras.
Em 2007, a tese de mestrado transforma-se no livro, Silêncio em Prosa e Verso: minério na fratura das palavras, publicado pela Secretaria Municipal de Cultura, através da Coleção Goiânia em Prosa e Verso.
As publicações de Wania Majadas têm sido de real valor para a pesquisa em setores acadêmicos de universidades brasileiras.
A ensaísta tem várias publicações em jornais e revistas literárias em Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Espanha, e dedica suas pesquisas a obras de vários autores brasileiros.

(Com informações do Portal G1-GO e Rede das Escritoras Brasileiras).

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