quarta-feira, 22 de julho de 2020

Poetisa Inês Maria de Castro completa 91 anos de idade nesta quarta-feira, 22 de julho

COLUNA SOCIAL
- Nesta quarta-feira, 22 de julho de 2020, a poetisa orizonense Inês Maria de Castro celebra seus 91 anos de idade, mantendo ainda hoje, o vigor e a serenidade de uma mulher que muito conheceu e que acumula experiências de vida neste mundo. Inês, mesmo impedida pela pandemia da COVID-19, tenta manter dentro do possível alguns aspectos de sua rotina, como cozinhar, receber visitas (agora só pode receber do lado de fora da casa), ouvir a rádio Orizona FM, escrever poemas, orações e memórias em seus cadernos e visitar o sacrário da Igreja Matriz de Orizona, prática que há anos faz sempre por volta das nove horas da manhã, ou falar com alguém conhecido. 
Dentre as diversas amigas que a visita, está a dona Tereza, conhecida por Tereza Pipoca, infalível na prática.
Algumas ações, como a participação no baile da melhor idade e dos grupos de fortalecimento de vínculos, promovidos pela secretaria municipal de Ação Social, estão temporariamente interrompidos.
A sua residência na avenida Egerinêo Teixeira, número 57, sempre foi um ponto de passagem de seus familiares e de familiares do esposo Gustavo, bem como de pessoas amigas e conhecidas, que param para tomar um café, pão de queijo ou fazer uma refeição; ou apenas conversar. Pessoalmente, sempre que podia, fazia uma visita. Inês me ajuda muito em fazer levantamento da vida de antepassados, para os estudos genealógicos que realizo. Também é uma ótima contadora de histórias, algo que aprecio. Sua simpatia e empatia são marcas fortes.
A lembrança mais antiga que tenho foi quando tinha por volta de uns seis anos de idade e a visitei com meu pai e também estavam em sua cozinha, o ex-prefeito Paschoalino Motta e seu tio Oziel Fernandes Motta, comendo pão de queijo com café. Inês sempre se relacionou muito bem com as lideranças políticas de nosso município e sempre fez questão de participar dos eventos públicos e, muitas vezes, levou consigo um poema feito especialmente para a ocasião.
Inês guarda em suas gavetas, diversos cadernos com poemas, orações, memórias, além de cartas e postais de amigos, objetos históricos, além de deixar na sala de estar, diversas fotografias com imagens da cidade de Orizona e de familiares. Um de seus incentivadores à escrita foi o amigo Olímpio Pereira Neto, que a inseriu no mundo literário. Imaginamos o quanto Inês tem sofrido com o falecimento do grande mentor, ocorrido neste domingo, 19 de julho.
Inês Maria de Castro, como é seu nome de casada, nasceu em 22 de julho de 1929, porém, como foi registrada quando tinha doze anos de idade, seu pai fez confusão e a registrou um ano mais jovem. Nasceu na Fazenda Taquaral de Baixo, filha de Sebastião Rodrigues do Nascimento (Sebastião Salviano) e Ana Maria de Jesus. Estudou apenas até a 4ª série do ensino fundamental e tem muitas lembranças de seus professores Adalto Costa e Benedita Barbosa.
Casou-se com Gustavo Pereira de Castro (1926-2008), filho de Vicente Pereira de Castro e Láudia Policena Rosa em 27 de fevereiro de 1949 e viveram juntos por 59 anos, até a morte do marido, em 04 de setembro de 2008. Tiveram 11 filhos, muitos netos e bisnetos.
Sobre quando conheceu o esposo, a mesma comentou:
"Quando conheci o Gustavo, eu estava na Praça da Matriz, mas ao descer até a Rua do Pé de Óleo, na saída para o Marinheiro, a Ponte 'Pedro Ribeiro' e o povoado de Orilúzia (Buritizinho). Lá estava ele arranchado no quintal do Honório Cardoso. Ele estava passeando na rancharia do Pedro Pereira, divertindo-se com os filhos das famílias da Estiva, trazia nas mãos um bodoque e muito satisfeito com a caçada de uma rolinha roxa, que ele havia matado".
Originário da região da Estiva, fazenda Firmeza, Gustavo foi um homem extremamente inteligente e engenhoso, com grande capacidade criativa, provavelmente herdada de seu avô materno Augusto Policeno Rosa e do bisavô paterno Joaquim Gregório Pereira. Gustavo é considerado o fundador do time do Firmeza Esporte Clube em 1942.
Sobre as suas origens, Inês escreveu:
"Nasci na fazenda Taquaral de Baixo, município de Orizona, Estado de Goiás. Minha data de nascimento é dia 22 de julho de 1929. Minha avó Germana, que foi a parteira do parto em que tive a luz do mundo. Fui batizada no dia 27 de julho de 1929, sendo meus padrinhos João Vieira Machado e Maria Francisca de Jesus, sendo madrinha de representar a então jovem Reinalda Zeferina de Jesus e mais tarde Hosana Gonzaga me levou ao altar para ser crismada.
Fiz a primeira comunhão lá na fazenda Taquaral de Cima, na casa do Alto Monteiro de Lima. Eu estava com a idade de 8 anos. Desde a idade de 6 anos, era eu quem ajudava minha mãe a distribuir os bilhetes do apostolado da oração nas fazendas e pegava as contribuições para levar a cidade de Campo Formoso de Goiás".
Sobre a educação escolar que recebeu, Inês conta:
"Agora vou falar de minhas escolas...
A primeira foi na casa do tio João Ribeiro. O professor era o Sr. Adalto Costa.  Foi ótimo, só que ele faltava muito às aulas. Depois meu pai pagou à dona Benedita Barbosa para nos ensinar durante três (03) meses. Aos dezoito anos estudei uns meses em Orizona, no Grupo Escolar 'Constâncio Gomes', que ficava em frente ao Banco do Brasil".
"No início da minha vida eu queria ser freira, mas meu pai e minha mãe não quiseram que eu seguisse minha vocação... Porém, acho que foi Deus que quis que eu fosse esposa e mãe, porque Deus, mesmo na vida de situação difícil, concedeu-me a graça de ser mãe por onze (11) vezes. Nunca vivi sem preocupações, mas agradeço a Deus e a Nossa Senhora, pois vou vencendo barreiras, subindo degraus, transformando dores e injustiças em alegrias, felicidades e esperança".
Uma pessoa que marcou muito a vida de dona Inês  foi o ex-senador e ex-prefeito José da Costa Pereira (Zequinha). Inês prestou serviços durante anos para o político e foi sua correspondente. A escritora também lembra uma passagem de sua infância, quando conheceu o Zequinha:
"Em 1940, José da Costa Pereira, o Zequinha Costa, foi visitar uma escola particular no município de Orizona, antigo Campo Formoso, na Fazenda Taquaral de Baixo. A fazenda pertencia ao Sr. José Pedro Gomes, hoje, ela é do Sr. Zico.
A escola funcionava em uma casinha velha de pau-a-pique, o piso era de chão batido, as telhas eram comuns.
O professor que dava aulas, o nome dele era Adauto Costa, homem simples e honesto, que nas horas vagas ainda fabricava calçados. Hoje em dia, o Sr. Adauto já é falecido.
O prefeito trouxe em sua companhia o Jorge Machado, o Jorge Monteiro, o João Diabo e a Maria Monteiro... Era dia de prova para os alunos, mas naquele tempo a gente falava que era exame.
Terminadas as provas, ele chamou o motorista de nome Braulino Rosa Vieira, para dar um passeio com os alunos,  até o ribeirão Santana. E lá fomos  num caminhão V8 (vê oito) antigo, até a ponte do Joaquinzinho, hoje ponte do Antonio Gregório Pereira, sobre o ribeirão Santana.
Para nós alunos foi uma coisa muito importante, porque quase não existiam automóveis como agora".
O professor Olímpio Pereira Neto foi importante na vida de dona Inês e oportunizou que ela e outros escritores de nossa cidade pudessem divulgar seus escritos. Inês sonha em publicar um livro apenas com seus textos, mas graças a Olímpio, isso pode ser realizado em partes. Em 2000 e 2002, Inês Maria de Castro participou das "Coletâneas Orizona em Prosa e Verso", organizadas e financiadas pelo escritor, que criou uma bolsa de publicações. Em 2017, voltou a ser publicada na "Antologia Poética de Orizona 2017", organizada pelo Ponto de Cultura Orizona Encenarte.
Para concluir, registramos abaixo mais alguns de seus escritos:

"Como é bonita a vida da gente, 
Tem início, tem também o fim. 
Tem muitas cruzes 
Tem as rosas, mas tem os espinhos. 
As cruzes que Deus me deu 
Parece que foi para mim. 
Mas Ele me deu forças e carinho. 

Tem a noite e também o dia 
Tem o Sol, as estrelas 
E também a Lua. 
Tem também seus filhos 
Que é a imagem sua, 
Os ricos nos palácios 
E os pobres dormindo na rua

(30-08-2016)"

"No dia que eu for embora deste mundo, deixarei minha família, minhas amizades, mas tenho fé que deste mundo levarei a recompensa merecida que eu pratiquei em toda minha vida.

Peço perdão a Deus, a meu esposo, a meus pais, a meus irmãos, a meus filhos, a meus vizinhos, pelas vezes que eu não os tratei com amor.

22-11-2014"

"Velhas Casas

1

Antigas casas largadas
Com o tempo, desmoronaram.
É lembrança do passado
Que no meu peito ficou,
Lembro e tenho saudades
Do tempo do meu avô.

2

Este é risco de vida
Que sai do meu pensamento,
Quantas coisas bonitas
Que já passaram ali dentro,
Quantas vidas e mortes
E também muito sofrimento.

Inês Maria de Castro"

Aproveitamos a oportunidade para desejar muita saúde, muita paz e muitas alegrias a essa senhora tão amiga e tão importante em nossas vidas. Que Deus a abençoe e lhe conceda vida longa.

ANSELMO PEREIRA DE LIMA
(E-mail: anselmopereiradelima@gmail.com)

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