terça-feira, 28 de junho de 2011

Orizonenses mantém a tradição dos carros-de-bois

Um longo caminho enfrentado a pé é a missão de milhares de fiéis católicos que seguem em romaria em carros de boi rumo a Trindade. A caminhada mais longa é realizada por 28 carreiros de Orizona, cidade no sudeste de Goiás, a 180 quilômetros da capital da fé. São 15 dias de viagem, boa parte em estrada de chão, debaixo de sol quente ou vento frio.
O trajeto se reinicia rigorosamente às 6h30 e se encerra às 16 horas, quando outras comitivas se encontram em fazendas estratégicas. Os proprietários rurais são os anfitriões de diversas romarias realizadas nesta época do ano. A comitiva de Orizona chegou ontem à tarde (27) na Fazenda Floresta, em Abadia de Goiás, para o último pouso e encontram outras duas comitivas, de Maripotaba e Varjão. 
Devido ao grande trajeto percorrido – os fiéis de Orizona passaram por nove cidades até chegar ao último descanso – as mulheres não acompanharam os maridos. O banho é feito de forma improvisada e a alimentação também. O coordenador da co­mitiva de Orizona, Wilson Vieira, 40, disse que a família o aguarda em Trindade, onde já possui imóvel alugado. Mesmo com a garantia de pouso certo nas fazendas, o conforto de uma casa não é acessível a todos. Muitos dormem em barracas, dentro ou debaixo dos carros de boi.
São nas fazendas que a penitência é deixada de lado para dar lugar ao descanso e confraternização. Os pés cansados e a pele queimada do sol recebem os devidos cuidados de técnicos em enfermagem contratados pelas administrações municipais. Ferimentos mais comuns são bolhas nos pés. É neste momento que, mulheres e crianças que normalmente viajam de carro, se juntam aos homens para festejar e comemorar a saúde de poder participar de mais uma edição da Festa do Divino Pai Eterno. 
O fazendeiro José Gonçalves Borges (ao lado), 79 anos, participou de sua primeira comitiva aos 8 anos de idade. Desde então, a viagem virou tradição para a família da cidade de Varjão, 56 quilômetros de Trindade. Foram quatro dias de viagem, com o apoio da mulher Alvarina Ana de Jesus Borges, 71 anos, e de dois filhos. O casal inicia a romaria pedindo bênçãos. “Faço o café rezando Ave Maria”, disse Alvarina.
O carro de boi de José Gonçalves se destaca entre os outros. Ele mesmo enfeita o transporte com fitas coloridas, cabaças, flores e imagem do Divino Pai Eterno. José e Alvarina e pelo menos 300 comitivas se preparam para participar do Desfile dos Carros de Boi, na quinta-feira. 


Lyniker Passos, repórter do jornal O Hoje/ Imagens de Bené Braga.

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