segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Marrequinho: O Convite - Capítulo XXVII

Meu irmão (e primeiro parceiro de cantoria), o Zé Ricardo, preocupado com a minha situação, me convidou para fazer algumas viagens com ele, que exercia a profissão de motorista-entregador, em uma grande Empresa atacadista de secos e molhados e fornecia mercadorias para atacadistas menores e varejistas de várias partes do Brasil. Aceitei seu convite. O motorista não tinha ajudante. Viajava sozinho, e, contratava “chapa” nas localidades onde eram feitas as entregas. Essas cargas consistiam em uma variedade imensa, de produtos. Ia desde cartelas de lâminas de barbear, até sacos de farinha de trigo, de 50 kg, rolos de arame farpado, querosene em latas de dezoito litros, grades de cachaça de marcas diversas (24 garrafas), latarias, remédios, pacotes de alpiste, de pimenta do reino, condimentos de todos os tipos, calçados, colchões, ferramentas, enfim tudo o que se fornece ao comércio de secos e molhados, farmácias, cooperativas de agro pecuárias etc. Atendia-se firmas de grande porte e também vendinhas de beira de estrada. O Problema, é que as mercadorias não eram carregadas na ordem em que seriam entregues.
Fazia-se o lastro, no assoalho do caminhão, com as mercadorias mais pesadas. Na parte da frente da carroceria empilhavam-se as latas de querosene, até a altura do maial. Então era feita uma “parede” de papelão para evitar que algum vazamento do produto afetasse outras mercadorias. Em seguida, vinham as grades de pinga (era um saco, recolher e trazer de volta as grades e o vasilhame). Então eram empilhadas as caixas de latarias e outros itens. Na rabeira da carroceria iam os rolos de arame farpado, sacos de sal, ferramentas, calçados etc. Por cima dessa maçaroca toda, era distribuído o restante do que consistia a carga. Amarrados de enxadas, de enxadões, de pás, picaretas, discos de grades para arados, camas de campanha, rolos de tela etc. 
Na maioria das cargas, as mercadorias iam até a altura dos arcos que servem de suporte para a lona de cobertura. E acontecia, às vezes, que na primeira entrega da rota programada, a gente precisava retirar um desses volumes que estava bem lá no assoalho da carroceria. Espaço para remanejar volumes daqui pra ali, não havia. Então, o jeito era ir deslocando caixas e mais caixas, formando pilhas desordenadas até conseguir ver um pedacinho da embalagem do que precisava ser arrancado lá do fundo. Ficava-se de quatro pés, debruçava-se sobre a brecha aberta com sacrifício, e procurava alcançar alguma saliência, alça ou "orelha" em que pudesse se agarrar, e, puxava-se o volume que deveria ser entregue. A repetição desse sofrimento ia diminuindo, à medida que a carga ia baixando. Os volumes a serem entregues, eram apoiados na parte superior da grade da carroceria e o "auxiliar" se encarregava de carregá-lo até ao depósito do estabelecimento. 

Auxiliar de Postagem: ALINE SOUZA



Contato com Marequinho:

* Vigésimo sétimo capítulo do livro "Marrequinho - O Menino de Campo Formoso", de Francisco Ricardo de Souza. Imagens: Divulgação. Publicação autorizada pelo autor. Todos os direitos reservados.

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