sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Orizona se despede de José Geraldo da Silva

O município de Orizona e o Estado de Goiás perderam hoje, 9 de setembro, o veterinário José Geraldo da Silva, uma referência no Brasil Central na difusão de tecnologias junto a pequenos produtores. Zé Geraldo, como era mais conhecido, morreu vítima de um câncer. Ele estava em Goiânia quando perdeu a vida e seu corpo foi transladado hoje mesmo para Orizona, onde morava e trabalhava, onde morava desde 1977. Sua morte foi sentida no segmento agropecuário.
Na Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), onde trabalhou por praticamente toda a sua vida, o presidente da instituição, Luiz Humberto de Oliveira Guimarães, lamentou “a grande perda” e designou uma comissão para acompanhar o seu sepultamento em Orizona, liderada pelo diretor Nivaldo Costa. Zé Geraldo deixa viúva, Sara Soares da Silva, duas filhas e um filho.
Nascido em Campos Alto (MG), em 14 de novembro de 1950, formou-se em Técnico Agrícola em 1971, em Bambuí, Minas Gerais, e logo se mudou para Goiás para trabalhar com extensão agrícola pela Emater. Ingressou na Universidade Federal de Goiás e formou-se em Medicina Veterinária em 1977. A partir daí começou a desenvolver um trabalho de extensão agrícola voltado para a organização da pequena propriedade e com especificação na produção de volumoso de qualidade para consumo animal.
Em 1998, Zé Geraldo, como é conhecido, começou um trabalho com teste de cultivares de milho para utilização de silagem e adubação alternativa para a cultura em pequenas áreas. Desde então, já experimentou mais de 50 variedades de híbridos diferentes de milho. Recentemente realizou ensaios, em vários municípios em Goiás, com mais 30 híbridos de diferentes empresas. A pecuária leiteira deve muito a Zé Geraldo, tendo contribuído para o fomento das diversas raças dentro do perfil dos “índices de produtividade”. 
Era, sem dúvida, referência na alimentação animal, ressaltando sempre a importância da silagem, do pastejo rotativo. Com o pesquisador Arthur Chinelatto, da Embrapa Gado de Leite, desenvolveu o Programa Balde Cheio em Goiás. Com uma delegação de produtores chefiada por João Bosco Umbelino dos Santos, da Faeg, visitou também criatórios nos Estados Unidos, Nova Zelandia e Austrália.
Seu corpo foi velado na Igreja Luz Para os Povos, no bairro Cinelândia, com uma grande presença de lideranças, amigos e familiares e em seguida, sepultado.

José Geraldo, recentemente, concedeu uma entrevista e falou sobre vários assuntos:

BIP - Conte-nos sobre as suas atividades na produção leiteira. Quantos litros produzem por dia os produtores sob sua assistência?
JGS - Em julho de 1977 foi realizado um levantamento de produção de leite em Orizona - GO e era produzido 5.000 litros de leite/dia. Já em 2009, Orizona está produzindo em torno de 200.000 litros de leite/dia. Para se ter uma ideia do trabalho de assistência técnica que foi realizado pela extensão agropecuária aqui, temos como exemplo o produtor de Orizona, Joaquim Pereira dos Santos que, sob nossa assistência em 2007, estava com uma produção de leite de 180 litros/dia com 18 vacas e, em 2009, está com 580 litros/dia com um plantel de 40 vacas.Outro produtor de Luziânia - GO, Ednaldo C. Meireles, que em 2008 tinha 30 vacas com uma produção de 90 litros/dia, está em 2009 com 21 vacas em lactação com uma produção de 210 litros/dia. Todo este ganho é fruto de uma boa organização da propriedade e utilização de técnicas adequadas sob a supervisão de um técnico especializado.
BIP - O seu trabalho na produção leiteira é referência para várias regiões de Goiás, Minas e Distrito Federal. Conte-nos um pouco mais sobre esse trabalho e o que motiva a realizá-lo.
JGS - Iniciamos em Orizona, em 1978, um trabalho com 16 produtores de leite para a difusão do uso da silagem de milho. Em 1984 foram feitos mutirões da ensilagem, mesmo de forma manual, a fim de difundir a técnica na comunidade do Rio do Peixe e para todo o município. Muitos eram incrédulos naquela época. Hoje temos 1300 produtores de leite cadastrados em Orizona e 99% deles utilizam silagem. Hoje temos atuação através de parcerias com prefeituras, empresas oficiais e privadas que apoiam nosso trabalho. Temos grupos de produtores que são orientados nos municípios de Luziânia, Santo Antônio, Gameleira de Goiás, Silvânia, Alexânia, Abadiânia, Corumbá, Caiapônia, Montes Claros, Piranhas, Arenópolis e Orizona.

Fonte: Wandell Seixas/ Assessoria de Imprensa da SGPA.

0 comentários:

Postar um comentário

A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, não serão publicado comentários que firam a lei e a ética.
Por ser muito antigo o quadro de comentário do blog, ele ainda apresenta a opção comentar anônimo, mas, com a mudança na legislação

....... NÃO SERÁ PUBLICADO COMENTÁRIO ANÔNIMO....