segunda-feira, 8 de março de 2021

Recortes sobre a escritora, poetisa, cronista, professora e animadora Sônia Ferreira

ANTÓNIO FERREIRA
- Poetisa, cronista, ensaísta, animadora cultural. Filha do folclorista e animador cultural Joaquim Luiz Ferreira, e da artesã Leolina Gonzaga Ferreira, nasceu na Fazenda Samambaia, Orizona/GO. Diplomada em Línguas Neolatinas e em Orientação Educacional, com Mestrado em Educação. Especialista em Dinâmica de Grupos Comunitários e em Psicometria. Professora Universitária, Jornalista, Consultora em Educação e Cultura, Pesquisadora.
Pertence á UBE/GO, ao Instituto Histórico e Geográfico/GO, á Associação Goiana de Imprensa, ás Academias de Letras, Ciências e Artes de Trindade/GO, de Caldas Novas/GO, de Orizona/GO, á Associação Nacional de Escritores/DF. Integra o Grupo de Cultura Popular João-de-barro e a Comissão Goiana do Folclore. É Presidente e fundadora do Centro de Cultura da Região Centro-Oeste / CECULCO. Atuou nos seguintes órgãos de comunicação: Jornal Atual-GO; Jornal do Consumidor-GO; TV Goiás Rural; Programa de TV “ Brasília Urgente”-DF. Dentre outras homenagens, recebeu o Prêmio Bolsa de Publicação Zequinha da Costa/GO. Como presidente do CECULCO, criou os seguintes Troféus: Índio Brasileiro, Pedra da Terra, Serenata. Dentre as dez publicações brasileiras, verbetes e antologias de que faz parte, destaca-se Poesia no Brasil, 2005, org. por Ademir A. Bacca, RS.
Obra poética: Janelas de Campo Formoso,1991; Bucólica, 1991; Licores de Outros Quintais, 2001; Compotas de Poesias e Caldas,2005;Chuva de Poesias, Cores e Notas no Brasil Central, 2005/2006 (1.a e 2.a edições ); Labaredas do Fogão - poemas e panelas (inédito); Dinâmica do Potencial Criador nas Escolas (inédito); Ação Pedagógica para Áreas Rurais (Tese de Mestrado). Também foi homenageada pela "Antologia Poética de Orizona 2017", editada pelo Ponto de Cultura Orizona Encenarte.
Sem violentar a ordem enunciada, pode-se dizer que as janelas desse livro [referindo-se a Licores de outros quintais] estão organizadas em pares que se opõem: as que se abrem para fora (rua e quintal) e as que se abrem para dentro (amor e vida), separadas pelas que abrem para a natureza. Creio que é por essas janelas, que estão no centro da série, que a poetisa vê o seu mundo, levada pela alegria de mostrá-lo e, no fundo, por um desejo utópico de evasão.” Gilberto Mendonça Telles
Se em alguns poemas há denúncia social, ela o faz com dignidade, com brilho, sem cair nos chavões costumeiros. Suas janelas se abrem para restaurar, reconstruir o ser humano, dignificar a vida.” Aldair Silveira Aires.


CORAÇÃO DE CHOCOLATE

Pele de jambo
flambada,
ao conhaque
e às labaredas.
Fios de
Algodão doce
nos cabelos,
ao sereno
malandrinho
da lua nova.


Treliça firme
de dedos,
pirulitos
de caramelos,
expressão melosa
de afeição.
Olhar de mostarda,
sorriso de ketchup,
nobreza de pérola
nos dentes.
Beijinho doce,
suspiro de
açúcar refinado,
clara de neve
e sumo de limão.
Água de coco,
em olhos
picantes,
derretendo
meu
coração
de chocolate.

Extraído de COMPOTAS DE POESIA E CALDAS. Brasília: Projecto Editorial/ Livraria Suspensa, 2005. 161 p. ilus. Col. Publicado com o apoio do FAC/SC-DF.


O UNIVERSO POÉTICO DE SÔNIA FERREIRA

António Miranda

Íamos de carro pela Avenida L-2 Sul de Brasília, no entardecer. Sônia estava em estado de encantamento com a luz e a profundidade da alameda de copas das árvores. Compartilhamos a admiração pelos horizontes planaltinos da cidade. Ela é goiana, telúrica, intensamente ligada à paisagem e à vida, em que reverbera com emoção e admiração. Não é pose. É um estado de espírito, uma alegria permanente. Sentimento religioso, sentido de solidariedade. Vive em três cidades que são cenários de sua múltipla atividade de escritora e de vida social. Vem de Orizona, onde transformou a casa da família num centro cultural, passa temporadas em Goiânia onde se dedica à promoção cultural, e boa parte do tempo em Brasília, no convívio com amigos da Associação Nacional de Escritores. Sempre projetando atividades e publicações que promovem a literatura de sua região, de forma generosa e competente.
E é poeta. Uma poesia da terra, da vida, da emoção mais legítima. É difícil ser simples, é difícil ser autêntico. Sônia é simples e autêntica, ela escapa da sofisticação sem resvalar na banalidade. Cria iluminuras, situações delicadas, descreve cenários do quotidiano sem ser coloquial, com inteligência e sutileza. Sem afetação e pieguismo. Gilberto Mendonça Teles já se ocupou de sua poesia em prefácio. Jorge Fernandes tem-na como amiga e parceira em eventos e conversas com amigos da literatura, num círculo criativo que dá vida a um processo solidário. Este é o universo de Sônia que é o universo também de sua poesia, numa simbiose de vida e literatura, em tempo integral. Vem do berço. Seu pai, folclorista; a mãe, artesã, dedicados ao fazer artístico e ao estudo da arte popular.

Página ampliada e republicada em dezembro de 2019.

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