A moradia do casal Inês e Clarindo Lopes, na zona rural de Orizona (GO), recebeu, no dia 5 de setembro comitiva de representantes do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal. A superintendente nacional de habitação rural da Caixa, Noemi Aparecida Lemes, estava presente. A atividade teve início com uma apresentação sobre o projeto Moradia Camponesa e o processo de organização e luta das famílias.
A casa não é um benefício do governo, mas uma conquista das famílias camponesas que se organizam e participam de lutas em busca de melhorias no campo. “A gente precisa se mobilizar, ir para as ruas, para dar prosseguimento ao projeto e também para buscar políticas públicas voltadas aos camponeses e camponesas”, afirma Michelle Pantaleão, da coordenação do MCP - Movimento Camponês Popular.
A mística foi momento de refletir sobre a autonomia camponesa e da mulher, adoção de práticas agroecológicas, cultivo de variedades crioulas e luta por melhores condições de vida no campo. Também foram apresentados artesanatos produzidos com palha de milho por camponesas. Na região, envolvendo os municípios de Pires do Rio, Orizona, Vianópolis e Silvânia, foram construídas 160 moradias camponesas.
Iná e Realino Lopes mostraram sua nova casa. O jovem casal se casou no início do ano e a moradia representa a possibilidade de permanecerem no campo, preservando a cultura camponesa e seguindo com o trabalho de resgate, produção, multiplicação, melhoramento participativo de sementes e mudas crioulas. Na propriedade há um banco de sementes. O casal não precisa comprar sementes a cada ano, ele tem a posse das sementes.
Sandra Alves, da coordenação nacional do MCP, ressalta que moradia é importante, mas é necessário a geração de renda. “A família pode acessar o programa uma vez na vida. Com o passar dos anos a casa fica velha. Então, é necessário pensar também na geração de renda para que camponeses e camponesas tenham autonomia e possam eles mesmos fazerem os reparos e realizarem outras melhorias na propriedade”, diz Sandra.
O MCP organiza feiras camponesas para que as famílias possam trocar ou vender produtos sem a necessidade de intermediários. Há o incentivo ao acesso ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O final da atividade ocorreu no município de Vianópolis (GO). Rosalina e Geraldo Lobo apresentaram a nova moradia, conquistada ano passado. Um grupo de alunos e alunas da escola rural também estava presente debatendo a realidade do jovem no campo.
Os representantes do governo citaram que durante as visitas era normal que os camponeses tivessem orgulho da produção e vergonha da casa. Durante as visitas às moradias do projeto, as famílias faziam questão de mostrar suas casas, assim como os cultivos. “O trabalho do MCP é referência não só pela casa, mas também pelo projeto social. Pelo debate sobre mulheres, geração de renda, autonomia. Sempre cito o projeto como exemplo, onde famílias se organizam, promovem debates sobre questões do campo e conseguem importantes conquistas”, fala Noemi Lemes.
“Moradia Camponesa: nosso sonho, nossa luta, nossa conquista” é um projeto realizado pelo MCP em parceria com a Caixa e Agência Goiana de Habitação (Agehab) para a construção e reforma de casas no meio rural, através do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). Além da casa, há um projeto social. As famílias camponesas participam de encontros de formação e oficinas para terem autonomia e adotarem práticas agroecológicas de cultivo.
Moradia Camponesa não é apenas a casa. É o ambiente embelezado com jardins, mata nativa, pássaros, pomar ecológico, hortas, plantas medicinais, variedades crioulas. Bem como abastecimento de água, saneamento básico, energia elétrica, tratamento do lixo, cuidados com a higiene da casa, ampliando a qualidade de vida da família camponesa e sendo elemento fortalecedor na luta pela permanência na terra.
Ano passado, a Caixa Econômica Federal realizou a sétima edição do Prêmio Caixa Melhores Práticas em Gestão Local. Em cerimônia, ocorrida em Brasília, Moradia Camponesa foi selecionado entre os 20 melhores projetos do país, sendo o melhor do meio rural. Atualmente, o projeto concorre ao Prêmio Internacional de Dubai 2012 para Melhores Práticas, do programa Habitat da Organização das Nações Unidas (ONU). O projeto é realizado no estado de Goiás, mas a partir do ano que vem será levado a outros estados brasileiros.
* Texto pela Assessoria de Comunicação do MCP. Imagens: Marina Munhoz. Todos os direitos reservados.
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