Em 1965 fui convidado pelo Sr. Mário Vieira, diretor da Califórnia, para gravar um LP. Na época, nem dupla eu tinha. Mas, aceitei o convite assim mesmo. Um amigo meu, colega de boemia, de pinga e de "pindaíba", cantador de primeira voz, estava procurando um rumo na vida, assim como eu. Era o Waldivino Rodrigues da Paz (Bebé), Havia vindo lá das bandas de Firminópolis (GO) e estava em Goiânia, exercendo a duvidosa e pouco rentável profissão de ajudante de quem não fazia nada. E eu era um desses. Encontrei o parceiro que me convinha. O Bebé arranjou outro apelido, “SILVAN”, e formamos a dupla “MARREQUINHO E SILVAN”. Começamos a ensaiar um repertório feito ás pressas, e daí a uns dois meses estávamos tomando dinheiro emprestado para irmos à São Paulo gravar o tal LP. Gravamos. Mas, além do despreparo da dupla, o repertório era bem ruinzinho. O disco foi um fiasco. Porém, nem tudo foi perdido.
Desenho da Capa: Jean Pierre de Almeida
MARREQUINHO e SILVAN
(Com Acompanhamento do Acordeonista Zé do Prado)
01) Rosa Desfolhada – Marrequinho e João A. da Silva
02) Disco Mensageiro – Marrequinho e Ubirajara Moreira
03) Luz dos Meus Olhos – Cambará e Zulico
05) Ao Presente... Ao Passado – Marrequinho
06) Meu Tormento – Ubirajara Moreira e Parcival Moreira
07) De Mãos Postas – Marrequinho e Ubirajara Moreira
08) Boa Noite – Waldik Soriano
10) Não Vivo Sem Ela – Adaptação: Belmiro
11) Casinha Verde – Ubirajara Moreira e Ninão
12) Alma de Artista – Marrequinho e Ubirajara
A experiência adquirida pelo Silvan permitiu que mais tarde ele gravasse bons discos. Gravou no Selo Chororó, com seu irmão Antonio, um ótimo LP com os pseudônimos de "CARLONE E CABRAL". Gravou com o Jailes, conceituado empresário goiano um LP pela Continental com os nomes de "SALOMÃO E SILVAN". Gravou ainda, como integrante do Trio da Vitória, usando o nome de “Venancin” (VENÂNCIO, VENANCIN E NHOZINHO), um LP pela RCA VICTOR no qual várias músicas se destacaram em todo o Brasil. Uma dessas músicas é do Ronaldo Adriano e chama-se "VIVENDO LONGE DO MEU BEM".
De minha parte, as coisas estavam no mesmo pé. Fazia modas que outros gravavam e faziam sucesso. Os intérpretes ganhavam fama e dinheiro em apresentações circenses, nos cinemas, e em casas de diversão. A fama eles repartiam comigo, o dinheiro, não. O jeito foi arranjar outro emprego. Fui parar numa Editora de livros didáticos, chamada “EDEC – Editora do Desenvolvimento Cultural”. A Empresa pertencia a dois sócios, o Luiz e o Bellini Bianchi. Gente finíssima. Foram meus patrões e meus amigos. Ali desempenhei funções acumuladas de motorista, entregador, cobrador e relações públicas. O Olídio Machado (Nuvem Negra) que foi meu parceiro de cantiga e ex-colega de trabalho lá no Bazar Paulistinha, também havia ido parar lá na “EDEC”. Todas as semanas levávamos as equipes de vendas a uma cidade do interior, onde eram feitas vendas dos produtos da Empresa (livros didáticos), e quando o trabalho chegava ao fim naquela localidade, nós íamos buscá-las.
Eram duas equipes. Uma equipe era formada por seis marmanjos, ótimos companheiros. A outra equipe era formada por seis elegantes senhoritas, ótimas companhias. Todas elas curtiam música sertaneja, e como o Olídio já havia feito certa propaganda do meu dossiê artístico, as "meninas" sempre convenciam os chefes a me escalarem para transportar a equipe delas. Privilégio de compositor, ora. Eu era vaidoso, e, me sentia lisonjeado por essa preferência. Procurava agradá-las, á todas, e acho que conseguia. Pelo menos era o que elas me garantiam sempre. Tudo estava indo bem, até que um dia recebi, ali, no meu trabalho, a inesperada visita de dois amigos, o Luiz Salatiel de Oliveira e o Francisco Adão Gonçalves e, tudo começou, novamente.
Contato com Marequinho:
Twitter: http://twitter.com/#!/Marrequinho1
Palco Mp3: http://palcomp3.com/marrequinho/
* Décimo Nono capítulo do livro "Marrequinho - O Menino de Campo Formoso", de Francisco Ricardo de Souza. Imagens: Acervo Pessoal de Marrequinho. Publicação autorizada pelo autor. Todos os direitos reservados.
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