E o comportamento do eleitor orizonense? Como explicar uma das eleições mais estranhas de todos os tempos? Por que quase 1/5 do eleitorado brasileiro não quis votar? Essas e outras questões são o que pretendemos analisar a partir de agora, sempre com um enfoque que parte do local para o global. Vamos lá, começando com os deputados estaduais. Dos 41 deputados eleitos em Goiás, 20 foram reeleitos, 20 são novatos e 1 já ocupou o cargo em outra ocasião.
O candidato mais votado em Orizona foi novamente o vice-prefeito Antônio Baiano (PT). O candidato saltou no município de 1.451 (2006) para 2.324 votos neste primeiro turno, a maior votação de todos os tempos na 23ª zona eleitoral. Baiano é um dos que tem maior aceitação dentro do governo do prefeito Felipe Dias e vive um bom momento político. Recebeu apoio de boa parte do PMDB local e tem simpatizantes inclusive na oposição. Por ter concentrado o seu domicílio em Orizona perdeu espaço fora e teve apenas 4.678 votos. Assim, fica difícil pensar uma quarta candidatura daqui a quatro anos.
O segundo mais votado foi Cristóvão (PDT) que somou 1.109 votos. Cristóvão teve apoio da maioria das lideranças do PP como os vereadores Jeremias, Vino e Gracinha, além de outras como Dr. Joaquim, presidente do PSDB. Financeiramente investiu pesado e até teria cooptado muita gente, com uma postura ética questionável. Em 2006 tinha tido 797 votos no município e foi reeleito com 36.474 votos no Estado.
O novato Nélio Freitas (PSB) teve sem dúvidas uma experiência amarga e experimentou um dos maiores fiascos dessas eleições. Mesmo com um custo de campanha absurdo, a sua candidatura não decolou. Com 10.937 votos em Goiás e apenas 907 votos em Orizona, Nélio não conseguiu se eleger deputado. E não venha me dizer que o eleitor é 'traira'. O empresário tentou forçar a barra ao buscar convencer o povo que era alguém de expressão política. Nélio é uma força que não vai se tornar realidade tão rapidamente e vai passar muitos meses de cabeça inchada.
Dr. Itamar até se queixou que os companheiros de partido tinham lhe abandonado ao deixá-lo só com Jardel (PSDB), mas ainda assim conseguiu arrancar 657 votos para o parlamentar, uma queda importante se considerarmos os 928 votos obtidos na eleição passada, mas provou que o círculo de influências do ex-prefeito ainda continua relativamente amplo. Valcenor (PSDB), assim como Jardel foi eleito e somou 508 votos em Orizona, graças ao trabalho de seu cunhado João Flávio e do povo de Buritizinho e arredores.
Samuel Belchior (PMDB) teve o apoio dos vereadores Ronaldo Costa e Reinaldo Cardoso e dos secretários Rinaldo Costa e Paulo Henrique. Foi um dos candidatos que fez mais barulho na cidade, mas obteve modestos 346 votos, diríamos, os votos dos eleitores de Ronaldo Costa. O que adianta um deputado estar na cidade toda semana e vir somente a passeio, sem trazer nada de bom? O povo conseguiu perceber e valorizar esses detalhes.
Adriete Elias (PMDB) teve apoio local dos vereadores correligionários João Lucas e Joãozinho Albino, mas seus 329 votos aqui não ajudaram a candidata a ser reeleita. Adriete foi traída pelos escândalos envolvendo o marido Adib Elias e pela sua atuação apagada na Assembleia Legislativa. O jovem Daniel Vilela (PMDB) foi eleito deputado estadual com 36.382 votos e graças ao empenho de seu pai Maguito Vilela, é uma grande revelação em Goiás. Em Orizona foi apoiado pelo ex-prefeito Anteres, que abandonou Adriete Elias rumo a uma estrada mais larga. Angariou apenas 132 votos no município, quantidade que nos faz questionar com muito interesse a relevância e a força política do presidente do PMDB local.
Os deputados Tiãozinho Costa (PT do B) e Laudeni Lemos obtiveram respectivamente 266 e 148 votos no município. Não farão parte da próxima bancada de deputados estaduais. Como observação, a única vez que estive pessoalmente com Tiãozinho o achei um esnobe, desmerecedor de qualquer confiança pública e já vai tarde. Laudeni passou desde as eleições de 2006 a não ser uma realidade em Goiás. Em contrapartida, um caso interessante é o do candidato Ruy Rocha que mesmo sem nenhuma mídia em Orizona obteve 93 votos, diga de passagens dos seus irmãos de maçonaria.
Foi uma votação muito pulverizada que beneficiou 159 candidatos, sem contar aqueles que não tiveram os votos contabilizados por causa da lei da Ficha Limpa. Com essas eleições ficou provado mais uma vez que quem paga mais quase sempre é bem-sucedido e quem não tem recursos financeiros para manter lideranças não vai longe. É uma pena que as coisas funcionem assim.
Nas próximas postagens comentaremos sobre os resultados para deputado federal, senador, governador e presidente da República.
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