quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Iris vence em Orizona mas Marconi leva vantagem em Goiás

A colunista do Cheque Mate do jornal O Hoje (que assim como o Diário da Manhã foi cooptado pelos marconistas), Sueny Arantes observa na sua coluna de hoje (06) que "proliferam como coelhos os 'cientistas políticos' em Goiânia. A cada dia surge um comentando o obvio".
Pessoalmente, também gosto nesses dias de dar as minhas atiradas para ver se acerta em alguma verdade. E é assim que pela cultura do povo brasileiro as coisas acontecem. Como em tempos de Copa do Mundo o povo gosta de dar uma de técnico de futebol, também em tempos de fortes articulações políticas vai aparecer um ou outro que queira dar o seu palpite. Tentado não comentar apenas o óbvio, vamos refletir neste texto sobre essa conjuntura, puxando um leque para o que ocorreu em 3 de outubro no município de Orizona, no que se refere aos votos para o governo do Estado.
Para governador, como acontece há 44 anos, o PMDB (antigo MDB e PSD) venceu no município. Foram 4.147 votos (49,59%) para Iris Rezende contra 3.706 votos (44,31%) de Marconi Perillo (PSDB). Vanderlan (PR) obteve 487 votos (5,82%). Os 441 votos de frente neste primeiro turno não foram comemorados pelos peemedebistas, que consideraram a diferença quase uma derrota política local. Se compararmos os 441 votos de frente nesse primeiro turno com os 1.062 votos (4.481 x 3.419) de vantagem de Maguito Vilella sobre Alcides Rodrigues em 2006, vamos perceber que numericamente ouve uma queda, mas que não pode ser analisada apenas no viés das ciências exatas.
Em 2006, o prefeito que estava no poder no município era Dr Itamar, apoiador do governador Alcides. O PMDB era oposição em Orizona e em Goiás. Nesse sentido, naquela época a vitória foi mais valorizada. Porém, temos que levar em conta hoje que Marconi (junto com o próprio Iris) é o político de maior expressão no Estado e isso faz dele um adversário mais difícil de ser batido. Por outro lado, a vitória mais estreita (em tempos de governo local do PMDB) pode ser responsabilizada por um favoritismo antecipado que fez com que o partido do prefeito Felipe tenha se acomodado em berços explêndidos e permitido que a oposição reagisse. Outro ponto é que as lideranças do partido concentraram apoio a seus deputados preferidos e esqueceram da chapa majoritária. Esse comodismo, aliás, já aconteceu antes. Em 2006, Alcides reverteu a desvantagem de 1.062 votos e no segundo turno diminuiu essa diferença em 1000 votos.
Para o segundo turno de 2010, para o bem do partido do ex-prefeito Anteres, será necessário que as lideranças abram mão das vaidades e partam para o diálogo com o PR, PT, PC do B e até para os ex-peemedebistas (e rivais) do PSB, levando em conta que todos os votos terão que ser conquistados novamente. Mesmo que Serra tenha vencido no município, o partido não poderá desvincular Iris de Dilma, até porque os 643 votos de Marina representam aproximadamente 6% do eleitorado local. Ou os peemedebistas concentrem forças ou do contrário, os marconistas poderão dar aos iristas uma derrota inédita. Isso porque hoje as lideranças do PP (que apoiaram Marconi desde o princípio), PSDB e DEM parecem estar um pouco mais motivadas e articuladas para uma disputa mais intensa.
A nível estadual, Vanderlan Cardoso e seus principais apoiadores, mesmo com trocas de carinhos com Iris e farpas com Marconi, ainda não definiram de que lado ficar. Mas parece que o posicionamento será mesmo de deixar os partidários do PP, PR, PDT, PSB e demais aliados à vontade. Com isso, cada um deverá ir para uma direção. Mabel vai para onde Lula mandar; Balestra e mais uma grande quantidade de prefeitos e partidários vai com Marconi; Barbosa Neto vai para o lado mais adocicado como sempre foi a sua prática; o governador Alcides deverá ficar teoricamente neutro, nem com Iris, nem com Marconi. Com isso, o favorecido no 2º turno será mesmo o tucano, que já somou confortáveis 46,33 pontos em 3 de outubro, uma vantagem de cerca de 300 mil votos para o peemedebista. Dessa forma, os votos de Vanderlan e até alguns de Marconi terão que ser conquistados em um estratégia mais arrojada e em um trabalho mais intenso das cabeças pensantes (ou não tão pensantes) da base de apoio a Iris.
E o óbvio: como em todas as outras vezes, dificilmente (ou nunca) o segundo colocado vence no final da disputa (leia a opinião de Altair Tavares sobre essas conjuntura). Pior para a base de apoio ao presidente Lula em Goiás. Mas quem viver até dia 31 de outubro verá o desfecho dessa novela em 28 capítulos que poderá ter muitas surpresas, principalmente se Lula entrar em cena como melhor amigo do protagonista.

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