sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma cena de cortar o coração de quem a vê

Essa são cenas que doem o coração: há pouco mais de um mês (31/03) a equipe de filmagem do documentário sobre os agrotóxicos, dirigido por Silvio Tendler, estava em Paraipaba, Ceará, cerca de 90 quilômetros a noroeste da capital Fortaleza. Foram investigar as acusações contra a empresa do agronegócio, de origem holandesa, Companhia Bulbos do Ceará (CBC), por uso indiscriminado de agrotóxicos.
Em fevereiro, a Justiça do Ceará havia deferido liminar proibindo o uso de veneno pela CBC. Entre as explicações estão coceira na pele e problemas respiratórios na comunidade local, a provável contaminação da lagoa da Cana Brava – a 100 metros da fazenda e principal reservatório de água que abastece o município – além da morte, por contaminação comprovada em laboratório, de 18 cabeças de gado do agropecuarista Henry Romero.
Na manhã seguinte à visita da equipe de filmagem, 15 animais de seu Henry apareceram doentes – alguns agonizantes, como mostram vídeos gravados pelo agropecuarista, sob orientação do Ministério Público. Até o fechamento desta matéria, 12 já haviam morrido.
“O tempo todo que estivemos conversando com seu Henry na propriedade dele, um cara numa caminhonete, dentro da área da CBC, um funcionário, ficava cantando pneu pra cima e pra baixo. Nitidamente para nos coagir. Tanto que no final, seu Henry falou ‘fiquem tranquilos’ e nos escoltou até a saída”, relatou a documentarista Aline Sasahara.
As propriedades de seu Henry e CBC são vizinhas. Atualmente, separadas por uma “telinha transparente”, como descreve Aline. Seu Henry é cauteloso e não acusa a empresa de envenenamento direcionado. Entretanto, diz não ter dúvida de que seus animais são vítima do veneno lançado aos montes por seu vizinho: “Já foi descartado qualquer tipo de doença. É veneno que partiu de lá e o que vai dizer qual veneno é a biopsia. Sabemos que eles nunca obedeceram a ordem de parar de pulverizar. Se eles plantam, eles pulverizam, porque não tem como colher essas culturas sem usar o veneno.”
Cada um dos dois pulverizadores usados pela CBC armazena 2 mil litros de veneno e possuí dois braços de 20 metros que fazem a pulverização suspendida. As duas máquinas juntas chegam a envergadura de 80 metros e são utilizadas para pulverizar uma área de aproximadamente 22 hectares, segundo Henry:
“A área deles é pequena, não chega a 180 metros de largura, então dá pra você imaginar: 80 metros de braço jogando o veneno à deriva.”

Extraído do Blog do Atheneu/ texto de Vinícius Mansur.

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